quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Planeta Urgente Oceano ácido ameaça peixes José Eduardo Mendonça - 14/12/2011 às 08:31


Planeta Urgente

Oceano ácido ameaça peixes

José Eduardo Mendonça - 14/12/2011 às 08:31

Indivíduos jovens são muito vulneráveis.
A acidificação do oceano, causada pela mudança do clima, está prejudicando estoques cruciais de peixes. Dois estudos publicados ontem na Nature Climate Change revelam que altas concentrações de CO2 podem causar morte e danos aos órgãos de peixes muito jovens.
Os trabalhos desafiam a crença de que peixes, diferentes de organismos como conchas ou esqueletos, estejam a salvo do aumento de CO2 marinho. Os peixes podem ser suscetíveis ao CO2 mesmo ainda em estado de ova.
Oceanos agem como esponjas de carbono, tirando CO2 da atmosfera. Quando o CO2 se mistura com a água, ele forma ácido carbônico, o que torna a água mais ácida. A queda no pH (o fator de acidez) remove a calcita e a aragonita do ambiente marinho – as duas são carbonatos minerais essenciais para a formação de esqueletos e conchas.
Isto pode significar que corais, algas, crustáceos e moluscos podem ter dificuldade de formar esqueletos ou conchas, ou que estas estruturas se tornam quebradiças.
No momento, o CO2 atmosférico excede 380 partes por milhão (ppm) e deve chegar ao final do século a 800 ppm, se as emissões de carbono não forem controladas. Espera-se que os oceanos continuem a armazenar CO2, abaixando o pH em 0.4 unidade – que chegaria a 7.7, em 2100.
No entanto, muitos cientistas haviam sugerido que a acidificação não seria problemática para peixes marinhos porque eles não têm esqueletos e porque, quando adultos, possuem um mecanismo que os permite tolerar concentrações altas de CO2.
Mas um punhado de estudos demonstraram que aumentos de níveis de CO2 podem destruir o olfato de peixes palhaços em estado larval e aumentar o tamanho do otólito, um órgão ósseo equivalente ao ouvido interno humano, em perdas marinhas.
Christopher Gobler, um biólogo marinho da Universidade Stony Brook, em Nova York, decidiu testar os efeitos do aumento de CO2 no Menidia beryllina, um peixe comum encontrado nos estuários nas costas dos EUA. Ele e seus colegas colocaram embriões de peixes em concentrações comparáveis aos níveis atuais (cerca de 400 ppm), aquelas esperadas em meados do século (cerca de 600 ppm) e também em 2100 (cerca de 1.000 ppm). “Nós vimos os resultados na hora”, diz Gobler. “As taxas de sobrevivência foram cortadas pela metade ou, pior que isso, com concentrações altas de CO2. Quando a concentração chegou a 1.000 ppm, a taxa de sobrevivência de uma semana caiu em 74%”, afirma ele.
O outro estudo, liderado por Andrea Frommel, um biólogo do Instituto de Ciências Marinhas Leibniz, em Kiel, Alemanha, examinou os efeitos da acidificação em larvas do bacalhau atlântico (Gadus morhua) em um período de dois meses e meio. A equipe criou os peixes em três condições: em 380 ppm, no ano 2200 (1.800 ppm) e em um cenário costal extremo (4.200 ppm). Com o aumento de CO2, as larvas tiveram danos severos em seus fígados, pâncreas, olhos e estômagos cerca de um mês depois de chocarem.
“Estes dois estudos são parte de uma tendência crescente de perceber que os efeitos mais amplos da acidificação dos oceanos vão muito além da calcificação”, disse, à Nature Donald Potts, biólogo de bancos de corais da Universidade da California-Santa Cruz.
Foto: Raimond Spekking / Creative Commons
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